Nosso cérebro evoluiu para servir o corpo. O corpo possui inúmeros recursos que precisam estar equilibrados e mantidos em níveis saudáveis.
Se considerarmos nosso corpo como uma empresa – diferentes partes assumindo posições diversas na organização, o cérebro é o CFO. Ao invés de dinheiro, o CFO gerencia a energia necessária para vivermos, gerencia as receitas e despesas para seu corpo e cria orçamentos para diferentes “departamentos” como glicose, sal, água, temperatura e regulação hormonal.
Estima constantemente a necessidade energética do corpo, guardando reservas para projetos de longo prazo como eventos estressantes ou doenças como a atual crise do Corona Vírus.
Uma vez terminado o evento, as reservas são liberadas. Este processo complexo se chama alostase ou processo de variação de todos os parâmetros internos do organismo para lidar com os estressores externos e não somente para manter o equilíbrio interno (esse último chamado de homeostase).
Um departamento gastão que estoura o orçamento constantemente, sem as devidas receitas, cria um desequilíbrio no orçamento do corpo. As consequências desse desequilíbrio do corpo podem se manifestar de inúmeras formas: sistema imunológico prejudicado, doença, depressão, hipersensibilidade, dificuldade de concentração, memória falha, regulação emocional diminuída (maior reatividade) e cansaço crônico.
EQUILIBRE O ORÇAMENTO DE SEU CORPO
A atual crise do COVID-19 tem todos os elementos para desequilibrar o orçamento de nosso corpo – confusão mental decorrente de informações desencontradas, fake news, falta de liderança firme e visionária no mundo, medo, ansiedade, impotência, isolamento social, etc.
Um desequilíbrio prolongado no orçamento de nosso corpo impactará negativamente no nosso sistema imunológico justamente quando este precisa estar saudável, fortalecido, para evitar a contração do vírus e para uma recuperação rápida da doença.
A inteligência emocional nos ensina que eventos, situações e pessoas que impactam nosso orçamento do corpo positivamente nos fazem sentir bem e, eventos, situações e pessoas que impactam negativamente nosso orçamento do corpo nos fazem sentir mal.
ESCOLHA PESSOAS EQUILIBRADAS E OTIMISTAS PARA CONVERSAR E CONVIVER
Portanto, direcione os comportamentos sob seu controle para gerar eventos e situações positivas no seu cotidiano. Escolha as pessoas equilibradas, otimistas que fogem do catastrofismo reinante e agem com a racionalidade e cuidados necessários tão divulgados por fontes da maior credibilidade na área de saúde humana. Assim fará depósitos no seu orçamento do corpo e evitará saques constantes de energia.
Nosso cérebro constrói modelos do mundo baseados em nossas experiências passadas que nos ajudam a nos autorregularmos e nossos modelos do mundo são preditivos e não reativos.
O cérebro prediz não somente o que está no mundo externo, mas também no mundo interno, nos faz sentir sede, por exemplo, antes de estarmos desidratados.
Vai construir a emoção de medo na beirada de um precipício, não depois que caímos.
Nosso cérebro constrói modelos do mundo baseados em nossas experiências passadas que nos ajudam a nos autorregularmos e nossos modelos do mundo são preditivos e não reativos. O cérebro prediz não somente o que está no mundo externo, mas também no mundo interno, nos faz sentir sede, por exemplo, antes de estarmos desidratados. Vai construir a emoção de medo na beirada de um precipício, não depois que caímos.
E, emoções são conceitos baseados em metas construídos a partir de nossas experiências de passado. Nossas experiências de passado é que constroem nossos modelos e nossos modelos é que predizem o que vai acontecer no nosso mundo a cada momento.
APRENDA A CONSTRUIR MODELOS MENTAIS COM FLEXIBILIDADE
A inteligência emocional nos ensina a construir novos modelos com flexibilidade, independentemente de nossas experiências passadas. Modelos que levarão a emoções menos prejudiciais ao nosso orçamento do corpo aumentando nossa resiliência para enfrentar as inevitáveis turbulências da vida.
NAVEGUE SUAS EMOÇÕES
Não se trata de sublimar a ansiedade e o medo gerado pela crise do Corona Vírus, de fingir que ela não existe, mas sim de navegá-la (navegar as emoções é uma competência emocional que pode ser medida e desenvolvida) transformando-as em recursos estratégicos a nosso favor.
Exemplo: diga para você mesma “obrigada medo e ansiedade, vocês são um aviso para que eu me planeje melhor. Planeje as ações necessárias na minha família, no meu trabalho, na minha empresa. Ou seja, transformamos o medo e a ansiedade em um novo modelo, modelo de indicação de planejamento! Não de pânico, de paralisação de pessimismo.
PROMOVA O OTIMISMO
O otimismo é outra competência da inteligência emocional crucial nesta crise. Não se trata de Polianismo, de não querer enxergar os riscos envolvidos nessa Pandemia, mas de se evitar cairmos no pessimismo, na angústia, na negatividade que só farão saques em nosso orçamento do corpo. Devemos, no que tange ao tempo, dar um caráter de impermanência à crise. Não durará para sempre e outras virão, mas estaremos melhor preparados inclusive emocionalmente e consequentemente mais resilientes emocional e fisicamente.
No que tange o espaço, devemos circunscrever a crise aos cuidados necessários para não sermos um agente de transmissão e para não contrairmos o vírus, mas isso não quer dizer que devemos perder a empatia e compaixão com as pessoas. Isolamento social não implica em perda da capacidade de tocarmos as pessoas com nossas palavras, com nossos corações. Perder nossa humanidade nesse momento que precisamos fazer depósitos no orçamento de nosso corpo nos parece pouco inteligente.
CONTÁGIO EMOCIONAL
A repercussão desse vírus no mundo é uma demonstração inequívoca do efeito do contágio emocional – derruba a bolsa, o dólar vai à estratosfera, as pessoas entram em pânico. Quando entramos em estado de sobrevivência em decorrência do medo e ansiedade reinantes, nossa capacidade cognitiva fica prejudicada. Perdemos a criatividade, a capacidade para enxergarmos cenários ganha-ganha e um futuro de possibilidades. Corremos o risco de agirmos de forma egoísta, de cairmos no modelo mental “nós-eles”, de querer encontrar culpados e de criarmos inúmeras teorias de conspiração. E a consequência disso tudo para o indivíduo é um orçamento do corpo deficitário.
O contágio pode também ser positivo.
Temos a inteligência cognitiva e emocional para desenvolver vacinas, colocar o homem no espaço, mapear o DNA humano e de vírus, e, certamente, para transpormos mais esta crise da humanidade. O que me leva a mais uma competência da inteligência emocional – Propósito.
PENSE NO SEU PROPÓSITO
O Propósito individual é um sentido dominante de significado que cada um pode detectar em sua vida. O Propósito deve orientar nossas decisões corriqueiras e estruturalmente importantes na vida.
Como queremos ser lembrados sobre nosso comportamento durante essa crise? Como alguém que trouxe um impacto positivo para a sociedade ou alguém que elegeu ficar em e ampliar o pânico. Claro que não controlamos a irracionalidade de muitos irresponsáveis na mídia social atual e em outros meios de comunicação (imagino que se a mídia tivesse um Propósito de melhorar a condição humana, teriam um posicionamento mais construtivo e com viés menos negativo e catastrófico do que o demonstrado) mas aqui lembro e parafraseio um dos ensinamentos de Viktor Emil Frankl, judeu austríaco que sobreviveu a três campos de concentração nazistas na segunda guerra mundial : Os nazistas podem tirar tudo de mim, até minha vida, mas não a liberdade de como eu interpreto esse momento!
Por Carlos Aldan, CEO do Grupo Kronberg
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