Nos corredores corporativos, a habilidade de multitasking tem sido celebrada como um selo de eficiência e competência. No entanto, pesquisas neurocientíficas têm, repetidamente, lançado dúvidas sobre a viabilidade desta prática, especialmente quando se trata de tarefas que exigem um alto nível de engajamento cognitivo. Vários CEOs e Diretores têm me pedido sugestões para enfrentar o desafio de capturar a atenção plena de seus diretos durante reuniões, seja presencialmente ou digitalmente, devido à crescente cultura de multitasking.

Minha resposta tem sido focar na demonstração de argumentos robustos que líderes podem e devem utilizar para desencorajar esta prática nociva no ambiente de trabalho.

1. Limitações Cognitivas: A neurociência revela que o cérebro humano, embora poderoso, tem suas limitações. Tarefas de alto teor cognitivo exigem uma quantidade significativa de recursos mentais e foco. Quando submetido ao multitasking, o cérebro sofre para dividir esses recursos entre várias atividades, levando a um desempenho subótimo em todas as tarefas envolvidas.
2. Perda de Consciência Situacional: Multitasking pode reduzir a consciência situacional, tornando os indivíduos menos conscientes das nuances críticas em suas tarefas. Isso leva a um entendimento superficial das questões, o que, por sua vez, pode resultar em erros e decisões imprudentes.
3. Comprometimento da Memória: A prática de multitasking pode interferir na capacidade do cérebro de formar memórias sólidas. Com a atenção sendo continuamente desviada, a consolidação de informações no longo prazo é dificultada, comprometendo a retenção e a recuperação de informações cruciais.
4. Incapacidade de Construir Resiliência: Resiliência é construída através de experiências contínuas e enfrentamento direto de desafios. Multitasking impede essa jornada ao não permitir o engajamento total com adversidades ou desafios, minando o desenvolvimento de resiliência ao longo do tempo.
5. Aumento do Estresse: Engajar-se em multitasking com tarefas exigentes cognitivamente pode elevar os níveis de estresse. O cérebro interpreta a mudança rápida entre tarefas como uma ameaça, desencadeando a liberação de cortisol, o hormônio do estresse.
6. Ineficiência: Ao contrário do que se imagina, o multitasking pode acarretar em ineficiência. A mudança constante de foco interrompe o fluxo de trabalho, aumentando o tempo necessário para completar cada tarefa e, muitas vezes, comprometendo a qualidade e quantidade do resultado.
7. Falta de Respeito: Uma dimensão muitas vezes negligenciada do multitasking é a aura de desrespeito que pode emanar desse comportamento. Quando indivíduos se engajam em multitasking durante reuniões ou interações importantes, especialmente na presença de colegas e líderes, isso pode ser interpretado como uma falta de respeito ou desinteresse no que está sendo discutido. Em um ambiente corporativo, observar regras de conduta e boas maneiras não é apenas uma questão de etiqueta, mas um indicativo de profissionalismo e respeito mútuo.

A negligência das normas de respeito e atenção em favor do multitasking pode desgastar a cultura de profissionalismo vital para a coesão e eficiência organizacional, potencialmente desencadeando um ambiente de desordem onde a falta de atenção se torna a norma. O respeito, sendo um pilar para um ambiente de trabalho harmonioso e produtivo, é fortalecido quando as regras básicas de etiqueta são observadas, cultivando assim um ambiente de respeito mútuo e eficácia crucial para o sucesso sustentável da organização.

É alarmante notar como práticas amplamente aceitas no ambiente corporativo podem ter um descolamento desconcertante com as recentes descobertas científicas, sobretudo nas áreas de Neurociência, Ciência da Inteligência Emocional e Psicologia Positiva – especializações caras à Kronberg.

A aceitação acrítica do multitasking como uma habilidade desejável é uma dessas anomalias que requer correção imediata. Os líderes organizacionais têm o dever imperativo de desmistificar a cultura de multitasking, destacando suas desvantagens enquanto fomentam uma cultura de atenção plena e engajamento profundo.

Essa transição é mais que uma mudança operacional; é uma evolução alinhada com os princípios científicos que regem o funcionamento otimizado do cérebro humano e o bem-estar emocional.

Abandonar o multitasking em favor de uma abordagem mais focada e consciente não apenas ampliará a eficiência operacional, mas também cultivará um ambiente de trabalho mais saudável, respeitoso, resiliente e, consequentemente, mais produtivo. Este ambiente propício, ancorado em evidências científicas sólidas e práticas positivas, é crucial para o sucesso sustentável em um cenário corporativo cada vez mais exigente e complexo.

Além disso, alinhar as operações do dia-a-dia com os insights fornecidos pela Neurociência, Ciência da Inteligência Emocional e Psicologia Positiva, proporcionará uma vantagem competitiva inestimável. Esta é uma jornada que começa com a desmistificação de crenças arraigadas e a promoção de práticas que respeitam não apenas os limites cognitivos humanos, mas que também nutrem, enriquecem e respeitam o capital humano, um recurso ainda indispensável em qualquer organização.

Portanto, ao descartar o mito do multitasking e abraçar uma cultura de atenção focada, estamos não apenas otimizando o desempenho, mas também honrando as descobertas científicas que sustentam as especializações de nossa empresa.

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  • Marketing Kronberg

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