Você já sentiu que, no inverno, o mundo parece mais lento? Que as pessoas falam menos, se recolhem mais e os dias ganham um tom cinza também por dentro? Não é só impressão. O frio mexe com a gente — e muito.
Quando as temperaturas caem, o nosso corpo gasta mais energia para se manter aquecido. Como consequência, o metabolismo muda, e os níveis de serotonina — popularmente conhecida como “hormônio da felicidade” — tendem a diminuir. Esse é apenas um dos diversos neurotransmissores envolvidos na regulação do humor, e essa alteração pode contribuir para sintomas como cansaço, queda de motivação e maior irritabilidade. Em alguns casos, isso se manifesta como o transtorno afetivo sazonal (TAS), cuja prevalência é baixa, mas os sintomas subclínicos — como apatia, desânimo e dificuldade de concentração — são mais comuns do que parecem.
No trabalho, o inverno também marca presença. Reuniões ficam mais silenciosas, brainstorms que normalmente renderiam vinte ideias acabam parando na quinta, e as interações entre colegas se tornam menos calorosas — literal e metaforicamente. O ambiente profissional sente esses reflexos: mais afastamentos por doenças respiratórias, mais cafés quentes circulando, menos ânimo visível no ar.
Além de resistir ao inverno, talvez possamos escutá-lo. Ele convida à introspecção, à escuta e à pausa. E talvez aí esteja a chave. Em vez de forçar produtividade como se o clima não tivesse influência, por que não adaptar? Pequenas atitudes fazem diferença: reuniões de quinze minutos em pé para estimular o corpo, dez minutos iniciais de check-in emocional para dar espaço ao que cada pessoa sente, ou mesmo o ajuste de metas diárias durante picos de viroses. São decisões simples que traduzem cuidado em ação.
Ferramentas de autopercepção e autorregulação emocional — como o Kronberg Daily Emotion Mapping — tornam visíveis essas oscilações sazonais e facilitam intervenções conscientes. Porque trabalhar com o frio pode ser um desafio, sim. Mas também pode ser uma oportunidade de tornar o ambiente mais humano, mais empático — e um pouco mais aquecido por dentro, mesmo que lá fora o termômetro insista em cair.
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