Após algumas consultas que recebi de clientes, queria falar sobre como a reclusão social modifica a dinâmica da família e que inevitáveis tensões aparecerão. Mas, como lidar com elas?  

  

Nesta manhã, em uma sessão por vídeo chamada com um querido e importante CEO, ele comentou que sua filha o emocionou dizendo: “Mamãe, que bom que o Papai está passando mais tempo com a gente!”. Outro cliente: “Estou me sentindo um invasor na minha própria casa! Tive que me apoderar de uma área importante na casa para fazer lá meu HQ.”. Uma outra cliente está desesperada com seu filho adolescente que não quer obedecer a regra de isolamento social. Muitos se sentem desconfortáveis passando tanto tempo em casa, liderando à distância, e alguns reclamam que a intensidade da convivência vem trazendo tensões relacionais no matrimônio: “Minha mulher reclamou que eu falo muito alto com meus colegas da empresa”. “Você fica cutucando a orelha enquanto fala!”. Não é surpresa que a China não está conseguindo processar o número de divórcios!  

O enclausuramento exacerba nossa reatividade resultante da ansiedade e insegurança reinantes e expõe problemas relacionais que normalmente ficam abafados pelo excesso de trabalho da maioria dos executivos.  

  

Não é o momento para evitar conflito saudável, é importante verbalizar suas preocupações relacionadas a comportamentos que podem prejudicar a saúde da família. Mas, deixem de lado as idiossincrasias, as críticas banais. Aliás, optem sempre pela reclamação e não pela crítica.  

  

É meio contraintuitivo porque usamos a expressão “crítica construtiva”. Mas, a crítica geralmente atinge o caráter de seu interlocutor e utilizamos a segunda pessoa do singular: “Você nunca faz nada certo.” “Você nunca dá prioridade para sua família e agora fica aqui enchendo a paciência!”. Note que o uso da segunda pessoa do singular “você” é pouco emocionalmente inteligente porque só ativa a reatividade de seu interlocutor. Este assumirá a defensiva, e responderá com uma agressão. Daí as tensões escalam.  

  

Opte pela reclamação utilizando a primeira pessoa do singular. Exemplo: “Fico muito desconfortável e preocupado quando você insiste em sair com seus amigos sabendo que seus avós têm mais de 80 anos!”  

  

Caso as tensões tragam à tona problemas relacionais mais sérios na família, concentre-se em como melhor resolver a crise do Coronavírus primeiro e invista recurso após a crise para reparar as relações.  

Carlos Aldan de Araujo

CEO – Grupo Kronberg

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