por Carlos Aldan
Saúde emocional sob pressão: o novo desafio das lideranças
Outubro chegou. E com ele, aquela sensação que todo líder conhece bem: a pressão do relógio acelerando.
Metas do ano pesando, planejamento de 2026 exigindo clareza estratégica, equipes chegando ao limite emocional. É neste cenário que muitos líderes se encontram hoje – gerenciando não apenas números, mas pessoas cada vez mais vulneráveis ao esgotamento.
A pergunta que poucos fazem em voz alta, mas que ecoa em corredores e reuniões de portas fechadas é: como liderar com alta performance sem comprometer a saúde emocional – da equipe e a nossa própria?
O Paradoxo que Ninguém Quer Admitir
Vivemos um paradoxo corporativo inescapável: nunca a alta performance foi tão fundamental, mas nunca o bem-estar dos colaboradores esteve tão ameaçado.
Os números não mentem:
- 90% dos profissionais brasileiros reportam ansiedade (ISMA-BR)
• Burnout foi reconhecido como doença ocupacional desde 2022
• Entre 70% e 85% dos colaboradores estão desengajados globalmente
• 96% das pessoas com burnout sentem-se incapacitadas, mas 92% continuam trabalhando por medo
E aqui está o ponto crítico: líderes não são imunes. Somos treinados para gerir processos, otimizar operações, bater metas. Mas raramente somos preparados para a parte mais complexa da liderança moderna: navegar a dimensão emocional do trabalho.
Liderança emocional: como o estado do líder afeta toda a equipe
A neurociência nos ensina algo poderoso: emoções são contagiosas. O estado emocional do líder influencia diretamente o clima da equipe, a capacidade de inovação e, sim, os resultados financeiros.
Quando um líder opera sob estresse crônico, sem ferramentas de autorregulação emocional, três coisas acontecem:
- A tomada de decisão fica comprometida (o córtex pré-frontal, responsável por decisões estratégicas, fica menos ativo sob estresse prolongado)
- A equipe absorve a tensão, criando um ciclo vicioso de ansiedade coletiva
- A cultura organizacional se deteriora, levando a mais turnover, absenteísmo e queda de produtividade
A boa notícia? Isso pode ser diferente.
Inteligência emocional nas empresas: o diferencial das organizações resilientes
Empresas que constroem culturas resilientes não tratam saúde emocional como “nice to have” ou benefício periférico. Elas entendem que inteligência emocional é uma competência estratégica.
Isso significa:
- Líderes treinados em autorregulação emocional – não apenas para “controlar” emoções, mas para compreendê-las, nomeá-las e usá-las como dados valiosos
• Conversas difíceis facilitadas com empatia – quando um colaborador demonstra sinais de esgotamento, o líder sabe como abordar sem julgamento
• Ritmos de trabalho sustentáveis – produtividade não é sinônimo de exaustão; é resultado de energia bem gerenciada
• Propósito como bússola – equipes que encontram significado no que fazem têm 2x mais resiliência diante de adversidades
Não É Sobre Ser “Bonzinho”. É Sobre Ser Eficaz.
Vamos ser diretos: cuidar da saúde emocional da equipe não é paternalismo, não é glamoroso nem sexy — e exige trabalho permanente. É estratégia de negócio!
Estudos mostram que cada real investido em saúde mental retorna entre 4 e 6 reais em produtividade. Equipes com alta inteligência emocional têm 30% mais engajamento e 40% menos turnover.
Organizações que implementaram programas estruturados de desenvolvimento emocional — baseados em neurociência, inteligência emocional e psicologia positiva — observaram ganhos mensuráveis:
- Aumento de 30 pontos percentuais em engajamento
• Crescimento de receita correlacionado à melhora do clima organizacional
• Redução significativa em afastamentos e queixas relacionadas a estresse
(Dados reais de cases documentados, incluindo a parceria da Kronberg com a Siemens Healthineers, publicada pela Harvard Business Review)
3 práticas para desenvolver saúde emocional no ambiente corporativo
Se você está lendo isto e pensando “não tenho tempo para mais uma iniciativa”, entendo. Mas considere: você já está gerenciando as consequências da falta de saúde emocional – seja em retrabalho, conflitos, queda de performance ou perda de talentos.
Aqui estão três intervenções práticas que líderes podem implementar agora:
- Check-ins emocionais regulares – Reserve 10 minutos semanais com cada pessoa-chave da equipe. Pergunte não apenas “como estão as entregas?”, mas “como você está se sentindo?”. Escute ativamente. Valide emoções, mesmo as difíceis.
- Modele o autocuidado – Sua equipe observa você. Se você trabalha 14 horas por dia, pula almoço e responde e-mails à meia-noite, está dando permissão tácita para que façam o mesmo. Estabeleça limites claros e respeite-os.
- Invista em desenvolvimento emocional estruturado – Não é sobre “mandar assistir vídeos de mindfulness”. É sobre criar programas robustos, com metodologia validada cientificamente, que desenvolvam competências práticas como autoconhecimento, regulação emocional, empatia e resiliência.
Ferramentas como assessments de inteligência emocional, programas de upskilling de liderança baseados em neurociência e vivências transformadoras criam mudanças sustentáveis – não apenas discursos bonitos em apresentações de RH.
Um Convite (Não Uma Solução Mágica)
Se há algo que aprendi em mais de duas décadas trabalhando com líderes e organizações no Brasil e América Latina é isto: não existem atalhos para construir culturas saudáveis. Mas existem caminhos validados, metodologias científicas e intervenções que funcionam.
O último trimestre de 2025 pode ser lembrado como aquele em que você e sua equipe apenas “sobreviveram” – ou como o ponto de virada em que vocês aprenderam a prosperar, mesmo sob pressão.
A escolha, como sempre, é sua.
Sobre o autor:
Este artigo é baseado em 23 anos de experiência da Kronberg em desenvolver líderes e organizações através da ciência da Inteligência Emocional, Neurociência e Psicologia Positiva. Mais de 500 mil profissionais já passaram por nossos programas, em empresas como Siemens Healthineers, Eletrobras, Coca-Cola, Nestlé, DSM, Tegra Brookfield, Delta Airlines, Simpress HP.
Se sua organização está enfrentando desafios de engajamento, saúde mental ou resiliência organizacional, vamos conversar. Não para vender soluções prontas, mas para co-criar caminhos que façam sentido para a SUA realidade.
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